Grêmio: Mudanças na Gestão e a Busca por um Novo Comando Técnico

Reestruturação no Grêmio: Uma Nova Era se Inicia

O Grêmio está passando por uma profunda reestruturação, marcando o fim de um ciclo e o início de uma nova era. Com o término do Campeonato Brasileiro e o período de férias dos jogadores, o clube se volta para a temporada de 2025, com uma abordagem quase do zero. A saída do técnico Renato Portaluppi e de grande parte de sua comissão técnica sinaliza as prioridades do presidente Alberto Guerra neste encerramento de ano, além da busca por reforços para o elenco.

A nomeação do novo departamento de futebol, com Alexandre Rossato como vice-presidente e Guto Peixoto como diretor, já indica movimentações nos bastidores políticos do clube. As eleições de setembro para renovação de metade do Conselho Deliberativo, seu presidente e, principalmente, para o comando do Grêmio no triênio 2026/28, tornam o cenário ainda mais dinâmico.

Guto Peixoto, ligado ao movimento do ex-presidente Romildo Bolzan, que possui forte influência no conselho, e Alexandre Rossato, do grupo de Guerra, que era chefe de gabinete do presidente, demonstram a complexidade das alianças políticas dentro do clube.

Foto: (Gilson Lobo/AGIF)

O Cenário Político e as Eleições no Grêmio

A primeira etapa desse processo é a renovação de 180 cadeiras no Conselho Deliberativo, sendo 150 efetivas e 30 suplências, metade do total de 360 assentos. A formação de chapas que superem a cláusula de barreira de 15% dos votos totais dos associados é crucial. Na última eleição, em 2022, quase 13 mil pessoas participaram, com apenas três das oito chapas elegendo conselheiros.

Após essa etapa, ocorre o primeiro turno da eleição presidencial no Conselho Deliberativo. As chapas precisam alcançar 20% da cláusula de barreira, cerca de 60 votos, para avançar. Aquelas que ultrapassarem esse limite disputarão o voto dos associados no segundo turno, quando será definido o novo presidente.

Em conversas com diversos movimentos políticos e figuras influentes nos bastidores da Arena, percebe-se que o cenário é de muitas incertezas e estratégias sendo traçadas.

Os Bastidores da Disputa Política

Alberto Guerra ainda não definiu se tentará a reeleição. O foco está na reconstrução do time para a disputa do octacampeonato estadual no primeiro semestre. Inicialmente, ele não estaria inclinado a continuar, devido ao desgaste sofrido com a enchente e a luta contra o rebaixamento no Brasileirão. Sua postura mais centralizadora e menos política, diferente de seus antecessores, também é um fator a ser considerado.

A nomeação de Guto Peixoto, que tem ligações com a gestão de Romildo, indica uma possível aproximação entre a situação e o grupo do ex-presidente, que até então adotava uma postura neutra. Caso não concorra à reeleição, Guerra teria duas opções principais: indicar um sucessor de seu movimento ou apoiar um nome do bloco de coalizão formado em 2022, que conta com diversos grupos políticos.

O Grêmio Independente, com cerca de 40 cadeiras no Conselho, é um dos grupos que demonstra apoio a Guerra. Eduardo Magrisso, representante do grupo, participou de entrevistas para reforçar o apoio junto à torcida, demonstrando confiança na atual gestão.

Oposição e Nomes em Ascensão

Na oposição, Odorico Roman, derrotado por Guerra na última eleição, mantém sua postura de oposição, junto a outros movimentos que somam cerca de 85 conselheiros. Antônio Dutra Júnior, ex-diretor de futebol e membro do Conselho na gestão de Romildo, surge como um possível candidato à presidência.

O grupo de oposição defende uma maior profissionalização no Departamento de Futebol, com a presença de gestores da área empresarial, e uma comunicação institucional mais eficiente com a torcida, algo bastante criticado na atual gestão. O nome de Paulo Caleffi, ex-vice de futebol da gestão de Guerra, também é considerado no campo da oposição.

Paulo Caleffi, apesar de ter rompido com a atual gestão, tem um bom trânsito com a torcida, principalmente nas redes sociais. Ele tem ministrado palestras sobre a contratação de Suárez, o que tem gerado bastante repercussão e fortalecido sua imagem.

Conselheiros Independentes e o Fator Danrlei

Um grupo que se autodenomina "o algodão entre os cristais" também pode ganhar força na disputa: os Conselheiros Independentes da Asdep (CIA). Com mais de 50 conselheiros e apoiadores, o grupo reúne políticos e dirigentes históricos do Grêmio , como Dênis Abrahão, ex-vice de futebol que trabalhou com Romildo entre 2021 e 2022. Apesar de sua vasta experiência, a passagem pela Série B pode ser um obstáculo em sua caminhada pela presidência.

Por fim, há o fator Danrlei, um dos maiores goleiros da história do clube, que voltou à Câmara dos Deputados após se licenciar do cargo de secretário do Esporte do Rio Grande do Sul. Danrlei, que já expressou o desejo de presidir o clube, possui uma forte base de apoio no Conselho Deliberativo. Ele pode ser um trunfo para qualquer um dos concorrentes em 2025, embora não deva se candidatar nesta eleição.

A influência de Danrlei e de sua chapa, a Forte Tricolor, é inegável, e seu apoio pode ser decisivo para qualquer candidato que almeje chegar ao segundo turno da eleição.