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O Olímpico: Um Monumento Abandonado à Espera de Um Novo Destino
Por Redação Sou Imortal em 19/09/2024 11:53
O Olímpico: Um Monumento Abandonado
Em 19 de outubro de 1954, o Grêmio inaugurava seu segundo lar, o Estádio Olímpico, com uma vitória por 2 a 0 sobre o Nacional, de Montevidéu, em um amistoso. Sete décadas depois, a casa do Tricolor gaúcho se encontra em ruínas, um cenário de abandono que contrasta com a história gloriosa do estádio e o uso da área em recentes comemorações do clube. A implosão prometida há anos nunca aconteceu, e o imbróglio que envolve o Grêmio , a Prefeitura de Porto Alegre, a OAS e a Karagounis mantém o Olímpico em pé, envolto em mato e entulhos.
O acordo original previa uma troca de propriedades: o Grêmio entregaria o Olímpico à Karagounis, empresa financiada pelo fundo de investimento do FGTS e administrada pela Caixa Econômica Federal, e a OAS repassaria a Arena ao clube. No entanto, dívidas relacionadas à construção do novo estádio, incluindo obras no entorno, impediram a concretização da troca. O negócio firmado pelo ex-presidente Paulo Odone não foi aprovado na gestão seguinte, liderada por Fábio Koff, que iniciou uma renegociação com a OAS para antecipar a entrega da gestão da Arena.
A Busca por uma Solução
A Prefeitura de Porto Alegre afirma nunca ter sido procurada pela OAS para resolver as obras no entorno da Arena e a situação do Olímpico. O prefeito Sebastião Melo chegou a ameaçar a desapropriação do Monumental, com um prazo estipulado para março deste ano. No entanto, o tema não avançou, e o projeto de lei, discutido há dois anos, nunca foi votado.
Em uma reunião recente entre as partes envolvidas, o governo federal, por meio do ministro Paulo Pimenta, apresentou uma proposta para solucionar o impasse. Em decorrência das enchentes de maio, a União disponibilizou R$ 770 milhões para obras de macrodrenagem na capital gaúcha, que poderiam abranger o entorno da Arena. A proposta prevê que o governo federal realize as obras no entorno da Arena e que o Ministério Público retire a ação contra a OAS e a Karagounis. Em contrapartida, o Grêmio entregaria as chaves do Olímpico, e a Prefeitura de Porto Alegre cobraria das empresas os recursos para as obras no terreno do Monumental. As conversas para um acordo, porém, estão paralisadas devido ao período eleitoral.
Reaproximação com o Olímpico?
A tragédia natural que atingiu o Rio Grande do Sul em maio trouxe uma reviravolta inesperada para o Olímpico, tirando-o de um estado de total abandono após 10 anos. O estádio serviu como centro de coleta de doações de todo o Brasil, se tornando um dos principais pontos de apoio na capital gaúcha.
Em um gesto que indica uma reaproximação do clube com o Velho Casarão, o Grêmio incluiu o Olímpico na programação de festividades do seu aniversário de 121 anos. O local receberá uma festa para os torcedores no dia 28 de setembro, já que a Arena não estará disponível. Uma área de mais de 11 mil metros quadrados está sendo preparada no antigo campo suplementar para receber um público de cerca de 10 mil pessoas.
Essa reaproximação também representa uma tentativa de rentabilizar um bem que exige um gasto mensal de cerca de R$ 100 mil com segurança, limpeza e impostos. A direção gremista busca ressarcimento desses custos após a troca das chaves.
Um Novo Destino para o Olímpico?
O Grêmio confirmou que recebeu propostas de dois empreendedores gremistas para a criação de um empreendimento com prédios residenciais e comerciais no terreno do Olímpico, com a intenção de preservar partes do estádio integradas ao projeto. A ideia é do empresário Remi Acordi e do arquiteto José de Barros Lima. Para concretizar esse projeto, o Grêmio teria que rescindir o contrato com a Karagounis e a OAS e encontrar outra maneira de comprar a gestão da Arena.
O Impacto do Abandono na Comunidade
A comunidade da região do Olímpico é quem mais sofre com a situação de abandono. O bairro da Azenha, conhecido pelo comércio diversificado, viu o número de lancherias e bares diminuir drasticamente nas ruas próximas ao estádio. Um dos últimos bares temáticos do Grêmio fechou há quase dois anos. O impacto do abandono se reflete na diminuição da circulação de pessoas e na sensação de insegurança, principalmente à noite, devido à falta de iluminação no local.
"Moradores que antes estavam tranquilos em circular em horas mais noturnas, hoje já não têm a mesma segurança em horários mais noturnos. Antes o bar que funcionava até altas horas da noite, hoje já não existe", afirma Delmar Moers, presidente da Associação dos Moradores e Comerciantes do bairro Azenha (AMCA).
A comunidade espera ansiosamente por uma solução para o impasse do Olímpico. Um empreendimento com imóveis poderia revitalizar o bairro, trazendo benefícios principalmente do ponto de vista econômico.
"O impacto disso vai ser muito positivo para todo esse entorno, pois os bairros Medianeira, Menino Deus e Azenha acabam se beneficiando com isso. Um espaço abandonado, como está hoje, afeta segurança e a estética do bairro. Fica feio. Isso resolvido com um empreendimento, traz uma vida nova", conta o presidente da AMCA.
O Descaso com a História
O descaso com o Olímpico vai muito além de imbróglios contratuais e impasses entre a prefeitura, a empreiteira e o clube. A imagem dos entulhos jogados no estádio abala a autoestima de toda uma região. Para quem mora em Porto Alegre ou convive nos arredores do estádio, a imagem do abandono se tornou "normalizada". Mas para quem não é da capital ou visita o local esporadicamente, a imagem impacta, equivalente ao tamanho da história do Monumental.
O estádio histórico, que já foi palco de grandes conquistas e jogos da seleção brasileira, hoje serve para juntar sobras de demolição e lixo. Os momentos de glória ficam no imaginário de quem guarda com carinho a felicidade vivida no Velho Casarão. O Olímpico, um monumento à história do futebol brasileiro, espera por um futuro digno de seu passado.
O futuro do Olímpico permanece incerto. A história do estádio, marcada por glórias e conquistas, se mistura com o presente de abandono e a busca por uma solução para o impasse que envolve o seu destino. A comunidade espera que o passado glorioso do Olímpico não seja apagado por um presente de descaso e que o Velho Casarão encontre um futuro à altura de sua história.
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